quinta-feira, 17 de março de 2011

A DISTINÇÃO ENTRE OS PRESBÍTEROS DOCENTES E REGENTES - POR Roger L. Smalling.

          A Eclesiologia Reformada tem recebido alguma atenção em nossos dias, todavia, ainda continua sendo um assunto ignorado, desconhecido e até mesmo não estudado com afinco.


Ora o livro que o leitor lança seus olhos em cima trata de uma tema que durante muitos anos atormentou nossa mente. A chamada distinção entre os Presbíteros dentro do Presbiterianismo – Presbíteros Docentes e Presbíteros Regentes – isto porque em nosso entendimento tal distinção era superficial e não tinha apoio nas Escrituras. Até que comecei a estudar o assunto. Por diversas matizes cheguei a conclusão de que a distinção precisa ser mantida e preservada.

          Aqui o leitor será levado a três passos fundamentais para analisar esta questão da distinção entre os Presbíteros; no primeiro passo o autor mostrar como a PCA – Igreja Presbiteriana da América – entende o ofício de Presbítero, dando devida a atenção a fatos que envolvem esta temática da distinção; ou seja, seremos introduzidos aos conceitos do presbiterianismo histórico.

         Nesta primeira parte o leitor verá que há uma distinção sustentada pela Igreja ao longo dos séculos, também se discutirá a temática de quem deve pregar, ensinar na Igreja – de forma clara e inequívoca o autor – seguindo a tradição da PCA afirma: “Apenas os Presbíteros Docentes podem pregar, ensinar e discipular na Igreja” – ele mostra que esta é uma aplicação lógica do sistema confessional da Igreja Presbiteriana – conforme expressa nos Símbolos de Fé de Westminster.

        Na segunda parte desta obra o autor procura mostrar as evidências Bíblicas para se manter tal distinção, de forma primorosa os textos são esclarecidos não deixando duvida alguma sobre o papel de cada Presbítero dentro do governo e do ensino da Igreja de Cristo. É surpreendente a forma como o autor aborda estas questões tão singulares.

           É claro que após a leitura deste livro se repensará muito sobre a pregação feita por um leigo, ou mesmo por um Presbítero Regente; aqui temos um texto onde seremos todos nós desafiados a repensar tudo o quanto aprendemos até o dia de hoje.

           Na terceira e última parte do livro seremos introduzidos aos questionamentos gerais e mais comuns sobre este tópico da Eclesiologia; o autor levanta questões sobre a paridade eclesiástica dentro do sistema presbiteriano – esclarecendo pontos que muitas vezes ficam turvos na discussão sobre a temática aqui enunciada.

          A tradução do presente texto foi motivada por causa de conversas trocadas com o Reverendo Rodrigo Ferreira Brotto, nosso pastor e amigo, onde sempre nos oferece indicações de uma boa eclesiologia, sólida, histórica, confessional e acima de tudo Bíblica.

          Esperamos que este livro ajude-nos a compreender com mais clareza o oficio de Presbítero dentro de nossa amada Igreja Presbiteriana do Brasil.

Pelo Reino, por um Evangelho da Graça,

João Ricardo Ferreira de França

Teresina, 11 de Março de 2011.

quarta-feira, 16 de março de 2011

VALORIZANADO A LITERATURA CRISTÃ

VALORIZANDO A LITERATURA CRISTÃ.

João Ricardo Ferreira de França.

jrcalvino9@gmail.com /jrcalvino9@hotmail.com

jrcalvino9@yahoo.com.br

“Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente os pergaminhos” (2 Timóteo 4.13).

Introdução:

Hoje estamos comemorando o 47° aniversário da biblioteca Francisca de Paula, e penso que precisamos sempre valorizá-la. Tenho percebido que a cristandade moderna tem negligenciado a leitura de bons livros, e especialmente, tem negligenciado a leitura da Bíblia. Existe algum benefício em ler livros e especialmente aqueles que se destinam à matéria cristã? A resposta é positiva.

Infelizmente os livros teológicos e devocionais não estão mais nas listas de requisitos prioritários na vida cristã. Isso ocorre sob o pretexto, falso pretexto, de que “temos a Bíblia” e “não precisamos de outros livros”. Algumas seitas chegam ao absurdo de impedirem os seus adeptos de estudarem a Bíblia, pois, segundo eles, a Bíblia não nos foi dada para ser estudada, mas para ser apenas lida. Tal perspectiva tem gerado graves erros doutrinários em nossa época, e em nossas igrejas.

O nosso tipo de cristianismo que temos visto nos púlpitos é totalmente desprovido de conhecimento, e quando considero o texto que citamos acima vemos o valor dos livros para o ministério do apóstolo Paulo. O curioso é que esse apóstolo estava próximo da morte, e ainda assim, queria estudar – como ele era diferente de muitos de nós que estamos no conforto! -; nós crentes reformados (calvinistas) devemos valorizar a leitura de bons livros; a nossa fé nos exige isso – o cristianismo histórico é intelectual.

Por que falar sobre isso? Porque a Reforma foi a maior produtora de conhecimento por meio da literatura, os grandes expositores da Bíblia foram grandes escritores, os puritanos são exemplos titânicos desta verdade, o dr.J.I.Packer, em seu livro “Entre os Gigantes de Deus” diz que “os pregadores puritanos às vezes se demoravam sobre uma única passagem durante meses ou mesmo anos” e continua dizendo que

O método analítico dos puritanos justifica a extensão de suas obras e exposições – seis mil páginas de pregação em formato de bolso sobre o livro de Jó (Joseph Caryl); duas mil páginas de pregação em formato maior sobre Hebreus (John Owen); cento e cinqüenta e dois sermões sobre o Salmo 51.1-7 (Hildersam) .



Tudo isso nos indica que precisamos ler. Por que precisamos ler? Por que precisamos valorizar a literatura cristã de qualidade? Vejamos algumas proposições que quero analisar com vocês nesta manhã:

I – Em primeiro Lugar, é porque os livros podem nos tornar inculcadores da verdade de Deus.

Enquanto não compreendermos esta verdade jamais pegaremos um bom comentário bíblico para ler. Considere o apóstolo Paulo. Você já se perguntou por que ele foi um grande mestre na igreja cristã? Por que ele conseguiu inculcar a Palavra de Deus na mente dos crentes? A resposta está aqui neste texto: “Timóteo quando você vier me visitar na prisão, traga-me os livros especialmente os pergaminhos” aqui, pelo exemplo do apóstolo, somos ensinados que devemos sempre Ter uma atitude de estudo constante da Palavra de Deus, ele consultava outros livros, e desta forma, usava o que aprendia neles para melhor transmitir a Palavra de Deus aos homens.

Todo o conhecimento adquirido ele usava sabiamente em benefício da fé cristã. Temos feito quando lemos um bom comentário? O apóstolo lia escritos dos pagãos para confrontá-los com as verdades de Deus e mostra-lhes que a graça comum fazia com que tais homens tinham um centelha da verdade de Deus, este é o caso em Atos 17.26-28).Vemos como o apóstolo usou escritos pagãos para pregar a Cristo e a Deus naquela cidade de Atenas.

Os livros podem nos tornam em inculcadores das verdades de Deus. Somos chamados para realizar essa inculcação da Lei de Deus aos nossos filhos (Dt.6.6-7) e por isso, existe a necessidade dos livros em nossos dias. Os livros nos tornam exatamente naquilo que Deus ordena que sejamos – Inculcadores de sua palavra.

II – Em segundo lugar, os livros podem nos tornar expositores à consciência dos homens.

Aqueles que labutam no ministério pastoral sabem que precisamos expor a Palavra de Deus aos homens, precisamos falar a cada um dos nossos ouvintes de uma maneira clara e expositora, por isso, sou defensor de que o melhor sermão que se enquadra a tal realidade é o expositivo.

Os homens precisam ser confrontados em nossas exposições do evangelho. Os livros nos ajudam a cumprir essa missão singular. Eles nos ajudam a expor a Palavra da Verdade com mais acuidade, os bons comentários e livros sobre a exposição bíblica devem ser consultados para empreendermos essa grandiosa tarefa, os que negligenciam este conselho ficarão totalmente desprovidos de conhecimento sólido e eficaz para responder as necessidades vitais do rebanho de Deus.

O nosso Evangelismo deve ser uma exposição clara das Escrituras e quando compreendemos isso de forma evidente podemos, sem sombra de dúvidas, nos tornar expositores à consciência dos homens. Muitos de nós não estão desafiando os ouvintes através de nossas exposições, apenas estamos entretendo os bodes e esquecendo de alimentar as ovelhas. Precisamos falar à consciência dos homens através das nossas exposições bíblicas que podem ser auxiliadas pela boa e saudável leitura!

É precisamente aqui onde precisamos aprender com os puritanos – aqueles grandes leitores e escritores do passado – como nos diz J.I.Packer: “O método expositivo dos puritanos consistia em primeiro apresentar as doutrinas – os princípios concernentes ao relacionamento entre Deus e os homens – presentes nos textos escolhidos, e depois, em aplicar esses princípios...Suas aplicações eram dirigidas à consciência dos homens, isto é, às razões práticas de auto-julgamento, em que a mente pesava as questões do dever, do merecimento e do relacionamento com Deus a cada momento da vida”

Expor a palavra de Deus aos homens e falar-lhes à consciência é nossa tarefa, e certamente é uma tarefa laboriosa, mas é algo necessário. A doutrina da suficiência das Escrituras não invalida o uso de bons comentários e recursos hermenêuticos para o melhor entendimento das verdades que se encontram nas páginas sagradas. A doutrina da suficiência consiste no eixo para as nossas exposições (2 Timóteo 3.15-17). A grande questão suscitada é como posso expositor à consciência dos homens se negligencio a leitura, o estudo e a compreensão daquilo que a Bíblia ensina? A busca do conhecimento é o meio pelo qual de fato conseguimos realizar uma exposição do evangelho de Deus.

III – Em Terceiro Lugar, Os Livros Podem Nos Tornar Em Educadores Da Mente.

Educação é uma palavra muito forte para cada um de nós, esta palavra na língua grega é “paidian” de onde vem a palavra “pedagogo”, “pedagogia”, ou seja, somos educadores. Somos chamados para sermos educadores da mente humana.

Educar a mente dos homens é nossa tarefa, o apóstolo Paulo sabia muito bem sobre isso, e por esta razão rogou a Timóteo que lhe trouxesse os “livros e os pergaminhos”, pois, ele era um educador no cárcere. Foi das prisões que ele produziu muitas de suas cartas. O seu estudo no cárcere não podia terminar, pois, o apóstolo disse que foi chamado por Deus para ser “apóstolo e mestre do evangelho”. Esse mestre deveria educar os homens no caminho que eles deviam seguir.

O crente só pode oferecer algum norte a quem lhe cerca se tiver de fato conhecimento sobre o que a Bíblia ensina sobre determinadas áreas. Precisamos ser pedagógicos em nossas exposições, em nossos ensinos e conversas sobre o evangelho de Deus, mas tudo isso é possível quando nos esmeramos no estudo de bons livros; precisamos ter em nossa mente as sábias palavras de um grande puritano: “a ignorância é quase todo o erro” (Richard Baxter). Precisamos ser educadores neste mundo. Precisamos nos dedicar à leitura de livros que nos ajudem nesta tarefa. Note o que Paulo ordena ao jovem pastor Timóteo: “Até à minha chegada, aplica-te à leitura, a exortação e ao ensino”(1 Timóteo 4.13). Notamos a relação existente entre a leitura e o ensino – a leitura nos torna capazes de ensinar – então, devemos nos dedicar à leitura de uma forma tal a ponto de sermos capazes de ensinar.

IV – Os Livros não substituem a obra do Espírito Santo.

Neste momento desejo fazer um alerta para cada um de nós nesta manhã. Tenho conhecimento de muitas pessoas que se dedicaram tanto ao estudo de livros que não sabem mais o que é uma leitura devocional com a Bíblia sagrada. Isso significa que estamos invertendo os valores – estamos dizendo que a opinião de grandes homens valem mais que as ordens de Deus – tal perspectiva tem prejudicado a igreja.

Precisamos ter em nossa mente que os livros não substituem a obra do Espírito Santo, e quando um crente ou um ministro esquece isso está fadado ao fracasso espiritual.

A Bíblia é a palavra de Deus inspirada pelo Espírito Santo e apenas ele nos faz de fato compreender determinadas coisas que nem os melhores exegetas conseguem, por isso, precisamos ter uma grande consideração pela Palavra de Deus, deve existir em nós uma profunda necessidade de lê-las com o auxilio do Espírito Santo, assim, como no estudo de bons livros sobre a Bíblia precisamos do Espírito Santo, de igual modo deve existir quando estudamos o livro de Deus. Erudição e piedade não devem ser separadas. Isso é um fato que tem sido negligenciado. Um grande teólogo disse:

Há certamente algo errado com a vida espiritual de um estudante de teologia que não estuda. Mas isto não quer dizer exatamente que tudo está certo com a sua vida religiosa, se ele estuda. É possível se estudar – mesmo teologia – inteiramente com um espírito secular. Eu disse, ainda há pouco, que o que a religião faz é enviar um homem ao seu trabalho com uma devoção de maior qualidade. Ao dizer isto, eu quis expressar a palavra ‘devoção’ em seus dois sentidos - no sentido de ‘aplicação zelosa’ e no sentido de ‘exercício religioso’, as duas definições que se encontram no dicionário. Um homem religioso estudará, qualquer coisa que se torne dever seu estudar, com ‘devoção’ em ambos sentidos. Isso é o que a religião faz por ele: falo-á cumprir seus deveres, crumpri-los rigorosamente, cumprí-los ‘no Senhor’...a teologia tem como seu único fim fazer Deus conhecido: o estudante de teologia é levado em sua tarefa diária à presença de Deus, e ali é conservado.



Você pode perceber as palavras de Warfield? Ele está nos alertando sobre um grande risco que corremos – o estudar a teologia por meio dos livros com um espírito puramente secular – precisamos entender que a obra do Espírito Santo deve ser superior as nossas percepções humanas e conhecimentos que não visam glorificar a Deus, mas que visam a nos glorificar – tomemos cuidado com isso!

Ler um bom comentário com olhos de Calvino, Beza, Knox, Zwínglio, Owen é muito bom, todavia, ler as Escrituras com as lentes do Espírito Santo e espírito submisso à revelação de Deus na Bíblia é infinitamente melhor.

Devemos lembrar que não é a autoridade ou testemunho humano que validará a Palavra de Deus. Os livros nos ajudam a entender, mas não servem para autenticar a mensagem da Bíblia, pois,

A autoridade da Sagrada Escritura, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade ) que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a Palavra de Deus .



Então, como o Espírito age nesta relação de Leitura e exposição da Palavra de Deus?

Primeiro, o Espírito Santo ilumina os olhos e entendimentos dos pecadores para compreenderem as verdades de Deus; os livros nos servem como moletas para compreendermos coisas que não entendemos, mas até aquilo que a melhor exegese não consegue explicar o Espírito Santo o faz.

Segundo, o Espírito Santo nos mostra a majestade e a pureza da palavra muito mais que os comentários que lemos. Apenas o Espírito pode nos convencer da autoridade da Bíblia.

Terceiro, o Espírito Santo fala através das Escrituras Sagradas. Alguns têm sustentado que há novas revelações, mas todos os que se dedicam ao Estudo da Bíblia sabem que apenas por meio dela o Espírito Santo fala-nos.

Que Deus possa nos dá grande apreensão pela literatura cristã que nos foi legada por grandes homens do passado e do presente, então, não tenha medo estude os livros que lhe chega às mãos. Amem!!!



quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

AS VERDADEIRAS CARACTERÍSTICAS DA MESAGEM DO EVANGELHO

AS VERDADEIRAS CARACTERÍSTICAS DA MENSAGEM DO EVANGELHO:


UMA ABORDAGEM EXEGÉTICA DE 1ª JOÃO 1.1-4.

Rev. João Ricardo Ferreira de França*



O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida 2 (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), 3 o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. 4 Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa.



Introdução:



Muitas vezes lemos a 1ª epístola de João tendo a noção de que ela versa sobre o amor a Deus; todavia, tal ponderação, ainda que verdadeira, não reflete necessariamente todo o conteúdo da carta. E analisando a mesma de uma forma mais detalhada podemos dizer que há pontos nela que continuam a ser negligenciados pela Igreja.

A teologia Bíblica se insere em nosso contexto como uma resposta aos desafios que a sistematização das Escrituras parece sugerir. A revelação neotestamentária precisa ser entendida e avaliada para que haja uma apologética cristã; uma catequização sólida e por fim, haja uma aplicação prática da Palavra de Deus em nossa época e para o nosso povo. Esta é de fato a tarefa do teólogo Bíblico (como exegeta que deve ser). O presente estudo visa trabalhar questões no campo da teologia exegética visando ajudar aos leitores na compreensão da Palavra de Deus. Visando assim uma valorização pelo evangelho e a sua mensagem.

O trabalho que leitor tem em suas mãos destina-se a avaliar o ensino do apóstolo João sobre a mensagem da encarnação de Cristo e qual a sua relevância para a vida da Igreja cristã ao longo dos séculos.

A motivação para lidar com texto de 1 João 1.1-4 surgiu quando trabalhando com exposição bíblica seqüenciada observamos que havia duas posições que se inseriam na interpretação do texto citado, uns diziam que a temática destes versículos vinculava-se a pessoa de Cristo e não a mensagem sobre a sua encarnação; outros sugeriam que tratava-se apenas da mensagem do evangelho de Cristo. Então, dentro de nossas limitações, optamos em trabalhar este texto – curiosamente percebemos que o texto trabalha as implicações da verdadeira mensagem do evangelho que se fundamenta na encarnação de Cristo.

As implicações extraídas exegeticamente deste texto vislumbram uma visão global da vida cristã, pois, a universalidade da epístola sugere isso. O evangelho e sua mensagem fundamentam-se no testemunho ocular dos apóstolos; na certeza da encarnação visando promover a comunhão entre a Igreja, os apóstolos e o Deus Trino.

ELUCIDAÇÃO:

A) Autoria:

Quem é o autor desta tão singular carta? Esta tem sido a pergunta que muitos têm levantado concernente a presente epístola. Há muita discussão sobre este assunto. Onde buscar informações confiáveis para se estabelecer à autoria desta carta? O teólogo John R.W.Stott nos diz que “o lugar natural onde buscar informações sobre alguma epístola antiga, é a própria epístola”. Este tem sido o pensamento dos teólogos conservadores no que diz respeito à análise de algum documento neotestamentário.

1. Evidências Externas:

A primeira classe de evidências que podemos apresentar é a classe das evidências externas, ou seja, provas fora da própria epístola. No que diz respeito à autoria um escritor nos informa que “Policarpo, discípulo de João cita 1 Jo 4.3, em sua Carta aos Filipenses” E ainda Eusébio diz, na sua História Eclesiástica ,que Papias, Ouvinte de João e Amigo de Policarpo,citava esta carta como sendo da lavra de João,o apóstolo. Irineu cita esta carta com abundância em sua obra Contra as Heresias . “Orígenes é um dos primeiros a advogar a autoria desta epístola como sendo da pena do apóstolo João. Clemente de Alexandria diz que esta é maior das cartas de João”.

2. Evidências Internas:

A segunda classe de evidências é aquela que chamamos de interna, ou seja, dentro da carta procuramos indícios de quem tenha de fato sido o autor da referida epístola. A maioria dos comentaristas sustenta que há uma certa e profunda relação desta epístola com a obra literária de João, o Apóstolo, talvez o quadro abaixo nos ajude a entender isso:

Evangelho I João II João III João

2.24 4.1-3 7 1

8.31 3.18 1 1

10.18 4.21 4 3

13.34 2.7 5

14.21 5.3 6

15.11;16.24 1.4 12,13 13,14

21.24 12



B) Local e Origem da Carta:

A questão que se levanta diante de nós é onde esta carta foi escrita? O teólogo Merril C.Tenney diz que “são indeterminados o tempo exato e o local onde foram compostas estas cartas, mas a opinião mais aceitável é que estes documentos forma escritos por João para envio às igrejas asiáticas..”. Um outro erudito nos fornece a seguinte informação: “Tradicionalmente, todas as três epístolas ‘joaninas’, bem como o evangelho de João, têm estado associados a Asia Menor, particularmente à cidade de Éfeso”

Alguma evidencia apontam para isso:

1) Policarpo nos informa que João tinha uma residência em Éfeso.

2) Irineu informa que João não desejava ficar sobre o mesmo teto com Cirinto, que era adversário da verdade, e por isso, foi morar em Éfeso e ali, segundo Irineu, João escreveu o seu evangelho para combater os hereges.



C) Destinatários:

Para quem João escreve esta epístola? Esta tem sido a grande pergunta dos circulos acadêmicos. Um grupo de euriditos afirma que a “primeira epístola não menciona nenhum destinatário e não preserva nenhuma saudação, nem agradecimento formal ou outros detalhes formais que normalmente caracterizariam uma carta do século I” Parece-nos que não há nada em toda a carta que nos direcione a uma posição dogmática quanto ao destino da carta.

Um erudito diz que “todas as três epístolas de João parecem ter sido endereçadas às comunidades cristãs da Ásia Menor,vários membros das quais eram conhecidas pelo autor sagrado”. Isso é importante para termos em mente que João tinha um coração tremendamente pastoral para com aquelas comunidades que ali estavam lutando pela verdade de Deus. “A tradição universal é que foram (as cartas) enviadas à uma província romana da Ásia, território modernamente conhecido como a Turquia”.

Carson nos apresenta uma verdade bastante singular sobre a questão do destinatário desta epístola dizendo que “a destinação geográfica não pode ser mais do que uma interferência apartir daquilo que é reconstruído do local de origem dos documentos.Por esse motivo essas epístolas foram enviadas a igrejas (e a um individuo) localizadas na região de Éfeso, inclluindo talvez, o território abrangido pelas sete igrejas do Apocalipse (2-3)”.

Os eruditos do Novo Testamento debatem entre si sobre a questão da data deste escrito. Que data João Escreveu esta carta? É uma indagação pertinente para o entendemos em que período o autor desta carta estava inserido.

Carson admite que “é impossível ter certeza a esse respeito” e por quê? Ele diz que a questão está no fato que “a decisão depende, em última instância, do entendimento que se tem dos propósitos respectivos do quarto evangelho”, e assim, teremos os propósitos das epístolas estabelecidos, sendo assim, a questão da data depende de como entendemos a mensagem do quarto do evangelho. E a grande dúvida reside em quem foi escrito primeiro, se foi o evangelho ou as epístolas? Adotamos a postura de que as epístolas foram escritas posteriormente ao quarto evangelho.

Alguns dizem que esta epístola poderia ter sido escrita no período de 85 a 90 d.C esta tem sido a data mais aceita dentro dos círculos acadêmicos conservadores. Esta parece ser uma data salutar para a carta em apreço. Embora exista algum erudito como Robinson que afirma não existir “uma necessidade absoluta de se datar os escritos joaninos para depois de 70 d.C.” A heresia do gnosticismo que estava rondando a igreja cristã do primeiro século força-nos a rejeitar a data de 90 , ficando, assim, com a data antes de 70 d.C



D) Propósito da Carta:

Qual é o propósito desta carta? Broadus diz que é “claramente, advertir os leitores acerca do perigo, para a fé cristã, das atividades e ensinos de homens heréticos...Contra três aspectos da heresia, João enfatiza muito fortemente a três marcas do cristianismo autêntico”. Estas três marcas são as seguintes:

a) Jesus é verdadeiramente Deus vindo em Carne.

b) Obediência aos mandamentos de Deus através de Jesus Cristo.

c) Uma atitude de amor a Deus e ao próximo.

Então, João usa estas três marcas para descrever o verdadeiro cristianismo para a igreja de Cristo. Ele escreve com a finalidade de refutar uma heresia muito específica naquela época.

Mas, qual o tipo de heresia contra a qual João escreve? Esta pergunta é pertinente para o nosso entendimento geral desta carta. A heresia é conhecida como o “Gnosticismo”. Mas qual é o tipo de Gnosticismo? Na época havia dois grupos de gnósticos, e estes dois grupos são:

1) O Docético – O termo aqui deriva de um verbo chamado dokeô que tem o sentido de aparecer, ensinava que Jesus não foi uma pessoa humana de verdade. O Docetismo indagava: Como um ser espiritual, ‘Cristo’ ou o ‘Filho de Deus’ , que por definição é bom,pode tornar-se carne, que por definição é má”?. O grande dilema aqui era que embora um ser espiritual, segundo os docetas, pudesse assumir a forma de carne temporariamente, jamais poderia tornar-se carne. E, assim a doutrina da encarnação era impossível dentro do sistema docetista e gnóstico.

2) O Cerintiano – O termo deriva de um certo homem chamado Cerinto de Alexandria que foi morar em Éfeso, foi contemporâneo de João e Policarpo. Irineu de Leão nos informa que este ensinava um gnosticismo chamado adocionista. O seu ensino consistia em que Jesus era o filho natural de José e Maria. Jesus não nasceu como o messias, mas se tornou tal quando foi batizado no Rio Jordão, no momento em que a pomba desceu sobre ele. Na Crucificação de Jesus o Cristo o deixou sofrendo na Cruz – Deus meu, Deus meu! Por que me desamparastes? – quem sofreu na cruz não foi o Cristo mais apenas um homem.

A Carta de João parece ser uma resposta adequada a ambos os sistemas gnósticos. Isso pode ser percebido nos capítulos 4.1-3;5.5-9. “O autor escreve para mostrar como alguém pode saber se está na verdade: A verdadeira teologia é que Jesus é o Filho de Deus(3.23;5.5,10,13) que Cristo veio verdadeiramente em Carne (4.2)”.

A carta parece está sendo escrita para combater uma espécie, ainda que incipiente, de gnosticismo. E assim fortalecer a igreja na verdade a respeito da encarnação de Cristo que tem sido a doutrina fundamental, a linha divisória entre o evangelho gerado por homens e o verdadeiro evangelho anunciado por Deus.



EXPOSIÇÃO:

O que nos chama atenção é fato que esta carta não tem um prefácio como as demais cartas do Novo Testamento. E isso nos faz questionar: no que se concentram tais versículos? Alguém já disse que este prefácio “está interessado essencialmente na proclamação apostólica do Evangelho”. Isso decorre do fato de que apenas o Evangelho poderia responder satisfatoriamente a questão das heresias gnósticas.

A ETERNINDADE DO VERBO COMO PRÓLOGO À ENCARNAÇÃO



A carta começa com uma nota altamente teológica “O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da Vida”. O que este versículo tem a nos ensinar? Bem, consideremos algumas verdades:

A primeira verdade a ser considerada é a expressão “O que era desde o princípio...” No grego nós temos “ho en ap arches” o uso do verbo “en” aponta para o estado que não foi alterado, e o uso do substantivo “arches” indica algo intemporal. Pode significar começo, principio, início. A ênfase aqui pode ser uma referência à pré-existência de Cristo e ao caráter absoluto de sua divindade. Todavia, é bem mais provável que o autor esteja se referido a mensagem do evangelho que se concentra no conteúdo central – Cristo Jesus o redentor da humanidade.

A expressão “o que era” no grego pode ser traduzido por “aquilo” o termo é “mais amplo do quem,pois, inclui a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo”.

Mas, o grande dilema entre os exegetas está no uso da expressão “Com respeito ao Verbo da Vida” que no grego é “peri tou lógou tês zoês” . A questão pode ser colocada da seguinte forma: Será que o termo “ tou lógou” é uma referência a Cristo ou a mensagem do Evangelho? E o termo “peri” está ou não qualificando os termos anteriormente estabelecidos (olhos, ouvidos, mãos)? O debate gira em torno destes termos.

Concernente que na primeira questão nós defendemos que o termo “tou lógou” é uma referência ao evangelho de Cristo que no tempo teve a sua manifestação histórica na Pessoa do Redentor, e isto , por meio, da encarnação. Isso é possivelmente defensível pelo fato de que o termo “lógos” é uma evolução lingüística do radical “leg” de onde vem o verbo “legô” e significa “dizer”, mas não é um jogar de palavras “ tem o sentido de coletar as melhores palavras para ser proferidas” o termo “lógos” deriva desta construção gramatical, e indica que Cristo tem sido o melhor discurso de Deus ao homem.

Este texto que temos diante de nós nos apresenta as verdadeiras características da mensagem do evangelho de Cristo. João sumariza tudo isso de forma muito clara nesta pericope. E de que forma podemos perceber isso?



I – A MENSAGEM DO EVANGELHO FUNDAMENTA-SE NO TESTEMUNHO OCULAR DOS APÓSTOLOS.



A primeira questão é que a mensagem do evangelho está fundamentada no testemunho ocular dos primeiros apóstolos. Isso é percebido pelo uso que João faz de alguns verbos nesta passagem. Ele diz “O que temos ouvido” isto é uma referência a proclamação do evangelho trazida por Cristo. O verbo que é usado aqui é “akekoamen” está no perfeito, e este tempo verbal descreve a idéia de uma ação progressiva. Ou como coloca Swetnan: No modo indicativo, o tempo perfeito é normalmente combinado com outros elementos no contexto, incluindo o significado do próprio verbo , para indicar a continuidade, resultado presente de uma ação anterior.

Esta é uma definição bastante clara do tempo perfeito no grego, todavia, tal simplicidade não deve ser usada para se ignorar este tempo, pois, Moulton indica que “o tempo perfeito é o mais importante exegeticamente entre todos os tempos gregos”. Isso é percebido nas construções gramaticas neste tempo usadas nesta epístola. É usado de forma deliberada por um autor, isto implica na singularidade deste tempo verbal.

O outro vocábulo grego que temos usado aqui é “heorakamen” – “o que temos visto” é um verbo que está no perfeito do indicativo da voz ativa, e o aspecto verbal usado aqui indica que foi feita uma revelação em termos que os homens podiam compreender e os resultados desta revelação tem efeito permanente na vida. O uso do plural aqui indica o autor desta epístola e os demais apóstolos. O uso do tempo perfeito aponta, também, para a possessão da mensagem a ser proferida.

Mas, eles não apenas viram; pois, o texto nos informa que eles “contemplaram” no grego a palavra é “etheasámetha” aqui o verbo é um “aoristo” do indicativo médio.Isso quer dizer que foi algo que aconteceu no passado, e, aponta para os dias que ele esteve com Cristo – que é o verbo da vida - ele não apenas viu a manifestação histórica do Verbo neste mundo, mas ele fixou sua atenção a tudo que o Logos de Deus fez e ensinou neste mundo. O verbo aqui indica que havia uma consideração deveras solene e profunda para com a Pessoa de Cristo como o verbo de Deus. Este olhar distingue-se dos demais: é uma contemplação intencional.

Mas, as evidências não estavam apenas no campo da contemplação visual, mas também, encontrava-se no campo vivencial e empirista. Ele diz que as suas “mãos apalparam o verbo da vida”. As evidências vão tomando formas singulares. O empirismo teológico do apóstolo fundametam sua mensagem e autoridade. O verbo da vida pode ser tocado e sentido – indicando que não era um fantasma - isso era uma credencial apostólica ser uma testemunha ocular de tudo o que Cristo realizou. Mas será que tal argumento fundamenta-se? Há certa autoridade para isso, é quando o lado de Jesus é ferido depois de sua morte (João 19.35): “aquele que isto viu, testificou” ( Este é um testemunho ocular).

O verbo grego usado para “apalpar” é “epsêláphêsan” é um verbo que está no aoristo do indicativo – de fato nós apalpamos – na voz passiva. Este termo tem o sentido de um cego no escuro procurando por luz e a encontrou, pois,o aoristo pode oferecer o sentido de finalização desta procura. Todavia, o sentido aqui é de examinar de perto como sendo uma evidência cabal de que o Eterno penetrou na história dos homens.

Esta experiência apostólica o qualifica como testemunha do evangelho.Como “ministro das insondáveis riquezas de Cristo” não era um diploma do colégio apostólico que o qualificava como proclamador do evangelho, mas a experiência com o Logos encarnado. Os pregadores itinerantes que não tinham essa visão do lógos não eram nem sequer autorizados como autênticos pregadores do evangelho que gera vida; e nem muito menos eram apóstolos que foram chamados para anunciar o verbo da Vida.

O próprio João “reclinava-se sobre o peito de Cristo” , e isso, o autoriza dizer que suas mãos apalparam o verbo da vida. A verdade do apostolado de João estava fincada em fortes bases – pois, a sua convivência com o Lógos silenciava toda e qualquer heresia gnóstica. Outra realidade é que esta evidência qualificava alguém para exercer o apostolado, a certeza de que alguém. Isso pode ser visto em textos como Atos 2.21-26; e, também, em 2 Coríntios 12.11-13. Uma vez que nenhum moderno apóstolo hoje tem essas credencias podem ser chamados de falsos apóstolos, isso no sentido estrito da Palavra.



II – A VERDADEIRA MENSAGEM DO EVANGELHO TESTIFICA DA ENCARNAÇÃO DO VERBO.



A segunda característica que João nos apresenta no seu texto sobre , a verdaeira mensagem do evangelho é que ela “Anuncia e testifica da Encarnação do Verbo”.O apóstolo não para em afirmar o seu testemunho ocular dos fatos, mas nos indica que este vivenciar com cristo tem um objetivo de proclamar os eventos históricos da encarnação. Ele diz que a “Palavra da vida se manifestou”! A palavra não ficou na eternidade ela tomou uma forma – o discurso de Deus se humanizou! Deus verbalizou sua verdade na encarnação de Cristo. Isso é notório pelo uso do verbo “efanerothê” que é um indicativo aoristo na voz passiva que indica tornar claro, tornar evidente, manifestar. O discurso de Deus no A.T era por meio tipos e símbolos, mas no N.T é por meio da encarnação do seu Filho, pois, o verbo grego “indica a encarnação” .

A manifestação de Cristo no V.T , por meio dos tipos e símbolos, era imperfeita, todavia suficiente aos crentes daquele tempo, todavia, na encarnação de Cristo Deus tabernáculou entre nós (Jo.1.14) de forma perfeita e plena, Deus se revela redentor,por meio do “Verbo da vida” no grego“logou tês zoês” aqui o gentivo pode ser tomado de três formas básicas: 1) pode indicar o conteúdo da Palavra – a Vida que é Cristo, é uma proclamação de sua obra e de sua pessoa; 2) pode indicar a qualidade – palavra viva; 3) ou pode indicar o objeto – o verbo que dá vida.

João testifica do Verbo encarnado quando ele diz “testemunhamos”. O verbo grego aqui “martyroumen”, segundo Stott, é usado para indicar a “autoridade da experiência apostólica” está no tempo presente, exigindo assim uma ação contínua, significa que o testemunho ocular de João não deveria ser monopolizado por ele e pelos demais apóstolos, mas que deveria ser anunciado constantemente. Esse testemunho dá força para uma anunciação singular, o apóstolo, usa o verbo “apangellomen” este verbo é usado no grego para descrever a idéia de reportar, declarar. Aqui o sentido é de indicar “a fonte da qual procede a mensagem” as duas palavras “martyroumen e apangellomen” enfatizam que a mensagem tem fundamento no testemunho ocular de João. Ele como testemunha ocular dos fatos ocorridos é autorizado a testificar da encarnação de Cristo. Aquele verbo que fora tocado pelo apóstolo era o fundamento de sua proclamação.

O versículo 2 é uma espécie de parênteses no qual o autor nos indica que a vida foi revelada por Deus na pessoa de Cristo. A proclamação da encarnação de Cristo não gera um mero intelectualismo, pois, a função desta proclamação é apresentar “a vida eterna” que estava com “Deus Pai” (ten zoen ten aionion hetis en pros ton patera), isso é bastante singular. A vida eterna que possuirmos só encontra realidade em nós por causa da encarnação de Cristo. Ele é a Vida Eterna que estava com o Pai e foi manifestada a nós pecadores.



III – A VERDADEIRA MENSAGEM DO EVANGELHO TEM DOIS OBJETIVOS ESPECÍFICOS: PROMOVER COMUNHÃO E ALEGRIA.



A terceira característica da mensagem do evangelho é que ela apresenta o duplo propósito da doutrina da encarnação: “Promover comunhão e alegria plena”.

As igrejas estavam vivendo em profunda desarmonia por causa das heresias que estavam presentes naquele tempo, e os pregadores intinerantes se advogavam como apóstolos, mas aqui João nos diz que o autentico apóstolo proclama a encarnação para “que mantenhais comunhão conosco...”

No grego a palavra “comunhão” é “koinonian” indica “o afastamento dos interesses particulares e a união com outras pessoas para o cumprimento de alvos comuns” .Como podemos saber que isso é expressamente o objetivo da proclamação de João? Podemos perceber pelo uso que ele faz do subjuntivo do verbo “echête”, o modo subjuntivo em grego tem o objetivo de indicar finalidade, e está no tempo presente, aqui João está dizendo que não é apenas para se “ter” comunhão, mas para continuar tendo – sempre tendo comunhão – talvez o uso do tempo presente esclareça adequadamente o fato de João incluir nesta comunhão a Pessoa de Deus Pai e de Deus Filho. “Ora a nossa Comunhão é com o Pai e com seu Filho”.

Isso nos lembra que a comunhão não é apenas horizontal, mas antes é vertical. A verdadeira doutrina da encarnação nos leva a ter não só comunhão uns com os outros, mas também com as três pessoas da Trindade. João não menciona o Espírito Santo aqui, isso porque (como é lógico), somente o Espírito Santo é capaz de promover essa comunhão, e sabemos que este Espírito Santo habita em nós e nos capacita a essa comunhão.

Aqui também é-nos indicado que a comunhão “com o Pai e com seu Filho” aponta para a nossa Salvação que encontramos em Cristo por meio da ação soberana do Espírito Santo, somos membros de Cristo e temos comunhão com Deus.

O segundo propósito da proclamação ou mesmo do registro da encarnação “Estas coisas, pois, vos escrevemos...” tem a finalidade de produzir algo deveras importante “alegria completa”.

Qual é a idéia aqui? A idéia é de plena satisfação. João, ao usar o verbo grego “peplêromenê”, está nos dizendo que e encarnação produz plena satisfação à igreja continuamente, pois, o tempo presente do verbo nos indica isso.

Wallace nos diz que há certa dificuldade com a expressão “nossa alegria”, aqui o “nós” é inclusivo ou exclusivo? Coloquemos a questão conforme formulou Wallace:

O propósito da carta é: que o autor tenha alegria ou que o autor e os ouvintes experimentam alegria? Um complicador da questão é o testemunho dos MS (manuscritos): algumas testemunhas têm “hemôn” (e.g., a B L Y 1241) enquanto que outros têm “hymôn” (e.g., A C K P 33 1739). A questão é muito difícil para fecharmo-la. Contudo, pelo menos, o pronome na segunda pessoa sugere implicitamente que os escribas viram os ouvintes como participantes do propósito alegre da epístola.



A resposta a esse dilema é que o apóstolo usa o pronome de forma inclusiva - e ele e os demais apóstolos tinham como objetivo, através da proclamação do evangelho, promover uma plena alegria na vida da Igreja.

A ênfase de João está no fato de que a encarnação completa a nossa alegria. Mas também garante a suficiência da mensagem cristã. Nada lhe falta. A mensagem cristã tem tudo. O verbo está no particípio perfeito indicando que uma ação foi realizada no passado, mas que os seus resultados são duradouros. Tudo está completado, a igreja não precisa de experiências místicas, não carece do conhecimento avançado do gnosticismo ou da ilusão dos docetas para continuar existindo, essas coisas não comunicam a autêntica alegria. Mas a alegria da igreja está fundamentada na mensagem da encarnação do Verbo que comunica vida aos homens. Esse era o desejo latente do coração do apóstolo João. Ao usar o subjuntivo associado a um verbo num particípio perfeito indica que há um desejo para que aquela alegria primeva continue abundantemente na vida dos que conhecem a mensagem do verbo da vida.

CONCLUSÃO:

Diante do que vimos podemos dizer que o apóstolo João ao escrever esta carta tinha como objetivo. Edificar os crentes na verdadeira fé a respeito da encarnação. E o caminho que ele faz isso é mostrando que características cabia para a verdadeira mensagem do evangelho. Aprendemos com o apóstolo que o ministério de pregação da verdade não pode estar baseado em sintomáticas emergenciais, mas deve estar alicerçado sobre o mais sólido fundamento; o testemunho singular da encarnação de Cristo. Onde é possível perceber e contemplar o eterno em termos tangíveis. Aqui entendemos que muito mais que anunciar a Cristo é preciso crer nele como o Deus vindo ao mundo que se tornou servo para redimir pecadores; algumas coisas são pertinentes aqui, a primeira consiste em rejeitar aquela idéia de que a doutrina divide a igreja; a verdade demonstrada por João é contrária a tal pensamento – a doutrina (a verdadeira doutrina) promove comunhão dentro da igreja de Cristo. Esta conclusão é inevitável quando lemos este trecho das Escrituras Sagradas.

A outra verdade que aprendemos é que a mesma doutrina deve gerar alegria aos crentes, a verdade deve fazer brotar no peito a semente da alegria cristã. Uma alegria completa que não precise de algo mais, não precise de misticismo ou emocionalismo barato, pois, na encarnação temos o que é necessário para a vida cristã e para uma vida pura em Deus – temos Deus dando-se a si mesmo aos pecadores. Temos o eterno no tempo; o humano no divino; o Criador vivendo com as sua criação. E, estas verdades conferem a suficiência plausível à mensagem cristã. Aqui temos a razão da existência do nosso ministério, e o resumo de toda a nossa pregação - Cristo é Deus Encarnado!

Esta não é uma verdade sem conteúdo. Também não é um ensino para o alimento intelectual de alguns crentes, mas é um ensino para promover a comunhão dentro da igreja de Cristo, é um ensino para trazer alegria ao coração do aflito, que ao saber que um Deus nos céus se importa com ele o seu coração se enche de alegria singular; e mergulha em uma gratidão solene ao Cristo da Cruz por tão sublime amor. A outra verdade aprendida aqui é que é possível ao pastor ter esperança no futuro, pois, a sua mensagem é divina – e nunca humana – isto porque se o ministério pastoral centralizar-se em ensinar apenas Cristo aos pecadores, ele (o pastor) nunca falhará ou fracassará em sua mensagem. Isto nos confere conforto ao coração, pois, temos uma mensagem que foi idealizada por Deus na eternidade e tudo que temos que fazer é transmiti-la com reverência e temor.



































REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.



1. ARENS,Eduardo. A Bíblia sem Mitos – Uma introdução Crítica. São Paulo: Paulus, 2007,

2. CAMPEDELLI, Samira Yousseff. & SOUZA, Jésus Barbosa. Literatura Produção de Textos e Gramática, São Paulo: Editora Saraiva, 1998.

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4. CÁSSIO, Cássio Murilo Dias da Silva, Metodologia de Exegese Bíblica, São Paulo: Paulinas, 2000.

5. CESÁREA, Eusébio de. História Eclesiástica, Madrid: La Editorial Católica, 1973.

6. CHAMBERLAIN, Willian Douglas. Gramática Exegética do Grego Neo-testamentário. São Paulo: CEP, 1989.

7. CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo, São Paulo: Candeia, 1986.

8. GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo – Interpretando e Pregando Literatura Bíblica, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 31- ênfase dele

9. HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento,Rio de Janeiro: Juerp.

10. IRINEU DE LIÃO. I, II, III, IV, V livros (Contra Heresias) in: COLEÇÃOPATRÍSTICA: Irineu de Lião. São Paulo: Paulus, 1995.

11. JAMIERSON, Roberto. , FAUSSET.A.R.& BROWN,David. Cometario Exegetico y Explicativo de la Biblia, Casa Bautista de Publicaciones, Venezuela, Ano de Edição 1977.

12. KAISER JR., Walter & SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 2002

13. KISTEMAKER, Simon.Comentário do Novo Testamento – Tiago e Epístolas de João. São Paulo: Ed. Cultura Cristã,2006.

14. METZGER, Bruce M. A Textual Commentary On The Greek New Testament, Alemanha: UBS, 1994.

15. OSBORNE, Grant. O.A Espiral Hermenêutica – Uma nova abordagem à Interpretação Bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2009.

16. RIENECKER, Fritz & ROGERS, Cleon. Chave Lingüística do Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1985.

17. STOTT, John R.W. I,II,III João – Introdução e Comentário, Vida Nova, São Paulo, Ano de Edição 1982.

18. SWETNAN, James. Gramática do Grego do Novo Testamento – parte 1: Morfologia, Volume 1 – Lições, São Paulo: Paulus, 2002.

19. WALLACE, Daniel B. Gramática Grega – Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento. São Paulo: IBR, 2009, p.573.

sábado, 29 de maio de 2010

ENTENDENDO A CONFISSÃO DE WESTMINSTER - DISCIPULADO 1

ESTUDOS NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER.


DEPARTAMENTO: Escola Bíblica Dominical.

Aluno:___________________________________________________________________

Professor: João Ricardo Ferreira de França(3475-7544 ou jrcalvino9@yahoo.com.br e jrcalvino9@hotmail.com ).

ASSUNTO: Capítulo 2 – de Deus e da Trindade .

SEÇÃO ESTUDADA: Primeira.

INTRODUÇÃO: O nosso estudo tem como objetivo estudar o ser de Deus conforme Ele se revela nas Escrituras. Deus não é provado pelas Escrituras, pois, a Bíblia só pensa em nos dá de imediato a existência de Deus. “No princípio Deus...” esta é uma verdade clara em tudo. Este capítulo de nossa Confissão de Fé trata da Teontologia (Estudo do ser de Deus), e pode ser reconhecido como o capítulo confessional que trata especificamente da teologia do ser de Deus. Nesta aula vamos estudar dois grande e fundamentais conceitos a respeito do assunto: Os atributos incomunicáveis e comunicáveis de Deus.



I – ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS DE DEUS.

Definição: Podemos dizer que são os atributos que Deus não comunica ao homem, pois, estes atributos encontram-se somente em Deus.

Diante disso desejamos apresentar aos irmãos alguns destes atributos conforme têm sido apresentados na Confissão de Fé de Westminster.

A unidade de Deus: Antes de considerarmos apropriadamente este assunto, se faz necessário considerar a unidade Deus. Nós presbiterianos acreditamos que há um só Deus, e este é “Vivo e Verdadeiro”.

O texto de Deuteronômio 6.4 nos mostra essa realidade. O termo “único” ocorre no texto para apontar uma “Unidade” não Absoluta, mas para uma “Unidade composta”, ou seja, Deus é um, mas nele há uma certa pluralidade que o judeu não podia explicar. Este é o indicio da doutrina da Trindade que consideraremos depois.

1. Deus é Infinito em Perfeição: Deus tem sido caracterizado na Bíblia como um ser infinito. Em profunda perfeição a infinitude de Deus descreve que ele não tem fim, sempre continuará existindo, isto descreve que ele é isento de qualquer limitação, descreve que ele está ausente de qualquer erro em seu ser, e assim, descreve sua perfeição. Veja-se Jó 11.7-10; Salmos 145.3; Mt.5.48.

2. Deus é Imutável: Outro atributo de Deus que é incomunicável ao homem é chamado de imutabilidade, a imutabilidade de Deus significa que Ele é sempre o mesmo em Seu ser, Ele não muda em sua natureza ontológica. O texto de Tiago.1.17 nos informa isso. Três coisas podem ser analisadas aqui:

A) Tudo o que é bom vem de Deus.

B) Que de Deus as trevas não vem.

C) Que Deus não pode mudar.

3. Deus é Eterno: A sua eternidade não pode ser enumerada, somente ele é o ETERNO POR MAGNIFICIENCIA. A eternidade de nossa alma está ligada à criação de Deus.O SENHOR criou o homem para ser eterno, mas a eternidade de Deus é dEle somente.

4.Onipotência: Creio “em Deus Pai, Todo-Poderoso” esta é a confissão da igreja. O atributo de onipotência cabe somente em Deus que criou o mundo e tudo o que nele existe, ter todo poder significa que Deus pode fazer tudo o que lhe apraz para glorificar o seu próprio nome. Jó 37.23.

5. Onisciente: Deus conhece todas as coisas em sua totalidade, esse conhecimento não é adquirido, mas é inato em seu ser, Deus não aprende as coisas como acontece conosco, mas ele sabe tudo – alguns chamam isso de conhecimento exaustivo e simultâneo de Deus. Dentro deste atributo podemos incluir a presciência que é fruto deste conhecimento exaustivo de Deus.Romanos 11.34 e 1 Pedro 1.1-2.

6. Onipresença: O Criador está em todos os lugares e não está limitado a estes lugares. É isto que quer dizer “Onipresença”. Dentro deste atributo encontramos apoio para duas verdades teológicas que são: 1) que Deus é Imanente – está na Criação, mas não é a Criação; 2) que Deus é transcendente – que está ausente na Criação, mas não abandona a Criação e não se funde ou confunde-se com ela.(Salmos 139.7-10)

II – ATRIBUTOS COMUNICAVEIS: A definição destes é que os mesmos são atributos que encontramos em Deus e no homem, no Criador os encontramos com grande elevação e nos homens com imperfeição. Desejo mencionar apenas três destes atributos.

1.Santidade: A Bíblia descreve Deus como Santo, o homem também, quando encontrado pela Graça de Deus, é descrito como tal. Is.6.3; 1 Co.1.1-2.

2.Amor: Deus é Compreendido como sendo amor 1Jo.4.8,10

3.Justo: O Deus da Bíblia é apresentado como sendo justo. Naum 1.2,3

III – DEUS É AUTO-SUFICIENTE: Deus não se auto-criou. Ele sempre existiu. Ele não precisa das suas criaturas para continuar existindo. Por quê?

1)Porque é a origem de todas as coisas: A Bíblia declara isso de forma clara (Sl 104; Amós 4.13; Cl .1.16,17).

2) Porque somente ele deve ser merecedor de glórias e honras: Veja-se Rm.11.36; Ap.4.11.Isso deve gerar em nós humildade diante de Deus pós nós precisamos dele.At.17.22-28

questionário.

l) O que são os atributos de Deus? E quais são?

2) O Deus da Bíblia precisa de alguém? Explique.

3) Qual é a atitude que devemos assumir diante da auto-suficiência de Deus?

4)Fale sobre o que entende-se dos atributos comunicáveis de Deus?

5) A imanência e a transcendência são verdades de que Atributo de Deus?

6) O que significa Presciência em 1 Pedro 1.1-2?.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A Visão Reformada dos Primeiros Capítulos de Gênesis.

Introdução:

O que há de tão especial neste assunto? O que este assunto significa para a igreja em nossos dias? È difícil para a teologia moderna considerar este assunto. Deixe-me sugerir porque penso que este assunto é realmente importante para nós hoje.

Primeiro porque tenho percebido que a nossa geração de teólogos modernos não se preocupa com o Antigo Testamento e conseqüentemente não refletem sobre este tema. Estamos ainda vivendo um período de incertezas quanto aos relatos do Gênesis.

A segunda razão é que a ciência e a teologia parecem ainda estar em conflitos permanentes, embora, considere que são alguns homens de ciências que estão em conflito com a Bíblia.

A terceira razão para este estudo é o fato de que os liberais ainda continuam exercendo certa dose de influência em muitos círculos acadêmicos de nossa época. Percebo isso pelo amplo acervo de livros de cunho liberal sendo publicados nestes últimos anos. E muitos estudantes de teologia conseguem absorver esse erro mais fácil que a própria verdade, isso é compreensível, pois, é mais uma prova de que a depravação total é uma doutrina eminentemente bíblica.

A quarta razão para a existência deste estudo está no fato de que os primeiros capítulos do Gênesis são vistos como sendo uma visão mítica do povo judeu. Nada do que está registrado nestes capítulos, segundo os eruditos pós-modernos, devem ser vistos como uma narrativa histórica e verdadeira, pois, segundo eles, são apenas mitos antigos.

Por que estudar isso? A minha última resposta seria que os primeiros capítulos do Gênesis são toda a base de uma teologia sadia. Só se pode teologar tendo como base estes primeiros capítulos do Gênesis. Este estudo é uma brevíssima introdução a este assunto tão cativante; e, por falta de espaço não vamos abordar tudo o que se conhece sobre isso, o meu desejo é que Deus use este estudo para que muitos possam apegar-se ao Antigo Testamento com afinco e vê-lo como Palavra Infalível e Inerrante Revelada por Deus.


I – A BASE DA REVELAÇÃO DE DEUS ESTÁ NOS PRIMEIROS CAPÍTULOS DO GÊNESIS.


Precisamos levar em consideração tal assunto a respeito dos primeiros capítulos do Gênesis, isto porque toda a lei, é, em última instância a base da revelação de Deus. Há uma consideração peculiar que necessitamos fazer sobre este assunto. Quando olhamos para a figura da pirâmide acima vemos que a Lei está na base. E ao estar nesta posição não significa que ela seja inferior, mas significa que ela é essencial é necessária.

Vivemos em uma época em que o dispensacionalismo tem deflagrado uma guerra contra a Lei de Deus, e muitos evangélicos têm abraçado esta concepção. E talvez não considerem este assunto edificante e importante para a igreja moderna.

A questão que levantamos é a seguinte se a Lei é a base de toda a revelação de Deus, e se há algo nesta Lei que não é verdadeiro ou atual, então toda a revelação de Deus está condenada. Então, a Bíblia não pode ser confiável. Note bem, se dissermos que há certas partes na Bíblia que não é verdade, então não temos uma Bíblia – temos um livro qualquer sem nenhum valor.

Os eruditos do liberalismo teológico acham que devem interpretar a Bíblia conforme as suas regras racionalistas, e pensam que devem conformar a Bíblia aos seus padrões puramente humanos.

Como devemos encarar os registros de Gênesis? Os liberais insistem em dizer que os relatos são puramente mitos antigos. Alguém pode dizer como? Será isso possível? A nossa resposta é um ressonante Não.

A Lei é a base de tudo . Por quê? Porque na concepção Reformada existe um progresso na revelação de Deus, e, este progresso tem como finalidade alcançar um clímax singular que é a Plena revelação de Cristo Jesus.

Dentro do processo revelacional podemos perceber que Deus vem se revelando ao longo da história como redentor de seu povo e que tem uma mensagem específica para o seu povo. Este processo pode ser visto da seguinte maneira:





LEI ---------- ESCRITOS --------- PROFETAS------ NOVO TESTAMENTO



Vemos assim um progresso onde o Novo Testamento é o clímax de toda a revelação de Deus a que nasce em Gênesis. A lei é a base para o Novo Testamento. É exatamente isso que Cristo nos diz em Mateus 5.43-44. O ensino sobre o amor ao próximo não algo exclusivo do Novo Testamento, como alguns têm pensado, e nem é fruto do ensino de Cristo somente, mas este ensino encontra a sua raiz no Pentateuco no livro de Levítico 19.18.

Diante disso surge-nos uma outra questão: Quem deve interpretar o Antigo Testamento? Os liberais? Os conservadores? Os neo-ortodoxos? A resposta para isso é que a verdadeira e correta interpretação do Antigo Testamento é o Novo Testamento. O principio reformado de interpretação é “a Escritura interpreta a própria Escritura”. Vejamos alguns exemplos:

Gênesis 12.1-3--------------Gálatas 3.5-8.



Romanos 1.16-17----------Habacuque 2.4; Gênesis 15.6.



Essa deve ser a nossa regra de hermenêutica com relação aos primeiros capítulos de Gênesis como de toda a Bíblia. No Gênesis temos todas as verdades de Deus concernentes a salvação dos homens pecadores. Se tudo começa lá como podemos negar a veracidade do que ali está registrado?

II – O REGISTRO DA LEI É CONFESSIONAL OU REVELACIONAL?

Alguns eruditos modernos declaram que o “Gênesis é um livro confessional, mas não é um livro que expõe a realidade”. O que isso significa? O que se deve entender por revelação confessional? É aquela compreensão de que os primeiro relatos do livro do Gênesis é mais uma forma com a qual o homem decidiu contar as origens de todas as coisas.Como os babilônios tinham a sua cosmologia (sua visão de como o mundo foi criado), como os egípcios, os gregos com os seus mitos; do mesmo modo, os judeus decidiram contar como ele vêem a criação , de sorte que o muito do que está registrado no Gênesis – principalmente o relato de Gênesis 1 - tem um forte paralelo com os mitos babilônicos e isso significa que os judeus adaptaram esses mitos (que supostamente são mais antigos que os relatos bíblicos do Gênesis), e assim, a sua crença de como o mundo foi criado.

Qual é a implicação disso? Isso significa que os registro do Gênesis não são o que de fato de Deus revelou, mas são crenças peculiares de um povo. Todavia, o entendimento reformado sobre essa questão é que os atos registrados em todo o Antigo Testamento são revelacionais em sua composição. O simples ato da criação é revelacional: Veja Romanos 1.18-20.

Todos os atributos apontam para a manifestação do caráter do criador. Quando se fala do “poder de Deus” aqui se testifica que apenas um ser poderoso poderia criar o mundo como o concebemos.

E o termo “sua divindade” é usado no texto para indicar a natureza divina, pois, o termo grego “theiotes” aponta para a revelação do próprio ser de Deus. Esta linguagem paulina encontra apoio no texto de Salmos 19.1-4.

O que faz os céus? “proclamam a glória de Deus”, o verbo proclamar no hebraico é “mesaperim” este verbo tem o sentido de “narrar”, “contar com exatidão”, “revelar”, “pregar”, “ser selecionado e destinado para contar algo”. A criação é o canal no qual Deus se apresenta diante dos homens como sendo o criador de tudo o que existe. Neste sentido podemos dizer, sem sombra de dúvida, que a criação é puramente revelacional. Ela não está vinculada a uma crença peculiar do judaísmo sobre a origem de todas as coisas. Antes de tudo é a própria revelação de Deus.

Por que é importante refletirmos sobre isso? É porque toda a nossa teologia depende de como nós encaramos os primeiros registros de Gênesis. Uma teologia que não leva em consideração a historicidade dos registros de Gênesis não deve ser chamada adequadamente de teologia.

III – CONSIDERANDO ALGUMAS PASSAGENS NO GÊNESIS.
Estudando o livro do Gênesis percebemos grandes verdades que estão contidas ali. Nos mitos babilônios e egípcios temos uma criação realizada ou feita sem algum propósito, a criação do mundo é resultado de intrigas entres os seres divinizados.

Mas no relato do Gênesis há uma harmonia entre as Pessoas da Trindade que decidiram criar o mundo. No primeiro capítulo temos Deus criando tudo para ser habitado. Veja abaixo:


Os filhos que o homem deve trazer a existência, por meio da geração, devem adorar a Deus. A terra deve ser povoada por uma geração santa que viverá para a glória de Deus. A criação, como um todo, deve glorificar a Deus.



Mas há algo fundamental em Gênesis 1 é o fato de que a criação aos olhos do Criador é muito boa. Nada é imperfeito. Tudo tem o seu lugar no mundo criado por Deus. Há uma ordem no cosmos. Essa exatidão do registro bíblico incomoda alguns homens de ciências. Incomoda particularmente os evolucionistas, pois, eles alegam que tudo no início era um caos e ficou tudo em ordem, e não o contrário. Eles não aceitam o relato de Gênesis porque tal relato contradiz a “teoria da evolução”, o texto do Gênesis revela a impotência e a fragilidade da evolução. Pois, neste mesmo livro vemos a degeneração do homem, ou seja, a ordem tornando-se desordem, é um conceito contrário ao da evolução. Isto significa que o simples não gera o complexo. Tudo foi criado na mais perfeita harmonia., mas o homem pecou contra Deus e trouxe a desordem sobre o universo.



Outra verdade que precisamos considerar no relato de Gênesis é o fato de que há três mandados divinos para a criatura que fizera. Estes mandados perduram até o dia de hoje e isto significa que tais capítulos são narrativas históricas e verdadeiras. Quais são estes mandados? Vejamos:







1 – O Mandado Cultural: Se fizermos uma comparação entre Gênesis 2.15 e 1.26,28 perceberemos no que consiste este mandato. A base da cultura estava ali presente, ou seja, tudo o que uma cultura precisa para existir está presente aqui:



a) O Trabalho: “Adão deveria cultivar o jardim”.Isto nos ensina que o trabalho não um resultado da queda como muitos têm pregado e ensinado em nossos dias; comer com o suor do teu rosto mostra que o trabalho depois da queda tornou-se algo fatigante, duro e espinhoso. O trabalho é um mandado de Deus ao homem.



b) O exercício do Governo: O homem reflete a imagem de Deus na criação, e tem sido considerado como vice-regente do mundo. A posição real de Adão neste mundo aponta para o princípio do governo, a idéia de domínio aqui não é de exploração, mas aqui está implícito o princípio da mordomia. Governar não é pecaminoso, mas é honroso – Deus criou Adão com o propósito deste governar o mundo.



2- O Mandado Social: Agora chamamos a atenção do leitor para Gênesis 2.21-24 é aqui onde temos o nascedouro da sociedade. Temos a estrutura familiar estabelecida. A família é ordenada em termos de um desapegar-se e unir-se a outrem. Note como Gênesis coloca as coisas:

a) A criação da mulher tem como objetivo evitar a solidão de Adão.

O princípio extraído aqui é que o homem não é uma ilha, isolada, sozinha sem relação com outros. O companheirismo é algo que Deus prima em sua criação – o casamento não deve ser uma prisão para os solteiros, mas a liberdade da amizade e cumplicidade matrimonial.

b) Que esta relação é heterossexual.

Aqui tem sido condenado o homossexualismo de forma muito clara. Adão se une a sua mulher. E não a outro homem, nem mesmo uma mulher se une a outra. Mas o que está escrito é que “macho e fêmea”.



c) É uma relação monogâmica.



Não temos aqui nenhuma indicação de que o homem deveria ter mais de uma esposa, e nem a mulher mais de um esposo. Não há espaço para a poligamia. Deus dá um extremo valor para com a família. E com isso está nos dizendo que a sociedade deve valorizá-la porque somente assim a sociedade pode ser sólida neste mundo.



3 – O Mandado Espiritual: Vamos considerar Gênesis 2.16-17. Aqui somos introduzidos ao conceito de relação entre o homem e Deus por meio de um pacto .Deus é visto como sendo o Soberano (como de fato Ele o é) que exige do homem uma observância das estipulações pactuais. Vejamos o que está envolvido neste mandado espiritual:

a) A comunicação: Adão falava com Deus (Gn 3.8-10). Havia uma comunicação entre a criatura com o Criador. A própria ordem de Deus para não comer da árvore aponta para esta comunicação.

b) A Obediência a uma ordem: Em Gênesis 2.16 tem a expressão “deu esta ordem” exige de Adão uma obediência e uma conformidade para com a Lei de Deus expressa no pacto. O pacto envolvia vida e morte. O certamente “morrerás” no versículo seguinte indica que a vida e morte se relacionavam com o pacto. Por isso, exigia-se da parte que estava pactuando com Deus (no caso Adão) uma obediência inteira, exata e perpetua.



c) Adoração: O mandado espiritual envolve a questão da adoração oferecida ao criador. No inicio de tudo já podemos dizer isso. Em Gênesis 2.1-3 indica que Deus cria o sábado para ser o dia de adoração, este sábado é um memorial da criação de Deus. O sábado é instituído como dia de culto onde Adão e sua família deveria se deleitar.

Isto pode ser demonstrado pelo uso da anologia da fé. Em Êxodo 20.8-11 temos a expressão “Lembra-te”. Do quê? Do dia de sábado para o santificar, o uso do verbo “lembrar” aqui nos reporta para Gênesis 2.1-3. Isso porque o sétimo dia da semana está vinculado aos seis dias da criação, logo, Adão adorava no mesmo dia que o povo da aliança – no sábado do Senhor. Mas por que dizemos isso? Porque Hebreus 4.10 nos indica isso de forma muito clara. A interpretação pode ser a seguinte:



É necessário notar que todos os mandados foram dados antes da queda de Adão e Eva no pecado. Isto nos diz que eles são permanentes até o dia de hoje e não podem ser negligenciados.

Consideremos agora de forma rápida Gênesis capítulo 3. A questão fundamental a ser tratada é se a serpente é literal ou não. Como interpretar este capítulo? Três propostas são oferecidas:

1) Simbolicamente.

2) Literalmente.

3) Alegoricamente.



Estas são três correntes de interpretação mais usadas em nossos dias. Como interpretar? Se adotarmos o princípio do simbolismo, iremos cair no erro de que o texto do Gênesis é confessional – como já vimos acima o texto não pode ser confessional. Se adotarmos o princípio alegórico, vamos transformar os relatos de Gênesis em puros mitos ou sagas, e assim, teremos umas estórias sem significados. Portanto, nosso entendimento é que a melhor forma de interpretar este capítulo é literalmente. Este capítulo pode ser dividido em três seções básicas para um entendimento geral:



A) O JUÍZO NO ÉDEN: O pecado de Adão e Eva tenta ocultar os atributos de Deus que a própria criação revela. Adão deseja ser igual a Deus(vs.5). Vejamos o resultado disso tudo:

1) A expulsão do Jardim vs.23

2) A separação do seu Criador vs.9-11

3) A serpente é culpada vs 14

4) A derrota certa de Satanás vs.15



B) A MISERICÓRDIA DE DEUS NO ÉDEN:



O que era para acontecer com Adão e sua esposa? Adão deveria ser fulminado no momento em que pecou, deveria ser morto. Pois, ele pecou contra o Deus Supremo.

1. Deus poderia ter feito com que Eva ficasse estéril, mas disse que Ela teria filhos só que com muitas dores. O ter filhos era um sinal de que haveria esperança de restauração (vs.16)

2. O homem e o trabalho tinham uma relação de dureza agora vs 17-19, Deus poderia ter tirado os meios com os quais Adão pudesse extrair o seu pão, mas Deus que é rico em misericórdia não o fez.



C) A GRAÇA DE DEUS NO ÉDEN:



Adão foi salvo? Esta pergunta tem sido pertinente a um estudo acurado sobre Gênesis capítulo 3. Olhando para os versículos 14-15 deste texto. O entendimento da Teologia Reformada, por ser uma teologia pactual, é que Adão e Eva foram salvos pela graça de Deus manifestada no Éden; Ele creu no proto-evangelho que lhe foi anunciado por Deus. No versículo 15 Deus anuncia que haverá um grande conflito neste mundo de duas descendências – a descendência de Deus e a descendência do diabo – que nascem de uma única raiz, Eva (mãe de todos os seres viventes).

Deus diz que no meio desse conflito haverá um descendente que irá resolver o problema do pecado na raça humana, haverá um resgatador. A mensagem escatológica deste capítulo é puramente messiânica. No contexto de morte vemos continuamente a vida. Adão contempla, pela fé, o seu redentor – Cristo!

Considere o capítulo 4.1 temos a expressão “com auxilio do SENHOR”. A palavra “auxílio” no hebraico pode ser “yeshu’ar” que significa ‘ajuda’, ‘salvação’, ‘assistência’. Ou poderia ser a palavra “’ezer” que significa “ajudar”, “auxiliar” ou “socorrer”, todavia, no hebraico a palavra “auxílio” não aparece neste texto. Aqui foi mais uma interpretação dos tradutores para oferecer sentido à expressão. A força do hebraico é “adquirir um varão da parte do SENHOR”. Aqui parece indicar que Adão e Eva estavam desejosos pelo redentor prometido. O nascimento de cada filho tornou-se a esperança da vida. “Será que é agora que o redentor há de nos restaurar”, será “agora que ele trará paz ao mundo”? Todas estas indagações estavam centradas em Caim.

Mas, Abel também nasce(vs 2). O texto nos informa a respeito da morte de Abel por parte de Caim. Por que isso? O versículo 8 nos oferece alguma explicação. Neste mundo há duas descendências e Caim pertence ao Maligno (1 Jo 3.8). O conflito no mundo está declarado desde o Éden. Neste mundo existem os que vão crer em Cristo, e os que vão rejeitar a Cristo e se levantarão contra Ele.

No capítulo 5 temos as toledotes de Adão. Os filhos de Adão são contemplados como carregando a imagem de Adão e não a de Deus , isto para denotar a idéia singular da queda. Notamos que Caim não entra na Genealogia. Isso é muito lógico como já explicamos acima. Mas, Abel também não entra. Por quê? A resposta é que Sete é o novo Abel de Adão. A garantida de que a semente santa continuaria existindo neste mundo estava sobre os lombos de Sete.

No capítulo 6 vemos as causas do dilúvio sendo apresentadas. O pecado da raça humana e a degeneração do homem é a temática deste capítulo. Mas a questão é quem são os filhos de Deus no texto?Alguns dizem que se refere aos anjos. Mas o entendimento reformado é que aqui temos uma referência aos filhos de Sete que se relacionaram com mulheres que não pertenciam à aliança de Deus. O curioso neste texto é processo do pecado destes homens, pois, o padrão é o mesmo que o da queda em Gênesis 3, isso nos leva ao início da desordem deste mundo.

1. “vendo” (Gn 6.2; 3.6)

2. “formosas” este termo no hebraico é “Tovoth” que é o mesmo que “bom”(Gn 6.2;3.6)

3. “Tomaram para si” (Gn 6.2; 3.6)

4. “as que lhes agradaram” (Gn.6.2; 3.6. – Agradável aos olhos).



Conclusão: Este breve estudo nos mostrou a importância dos primeiros capítulos do Gênesis para se ter uma teologia sólida e coesa com a fé bíblica. Sem estes capítulos, que devem ser considerados como históricos e fidedignos, não teremos como e porque pregar o evangelho. A base do Novo Testamento tem sido a Thorá de Deus dada ao homem, e uma vez negada a sua legitimidade e autenticidade termos sérias dificuldades em apresentar o evangelho de forma poderosa e eficaz à nossa sociedade.

É nossa convicção particular que o Livro do Gênesis fala de fato das origens de como tudo aconteceu e neste livro encontramos a explicação da queda, a razão da cruz , o propósito do evangelho e a missão da igreja. Tudo está aqui bastar crermos no que nos foi revelado por Deus.








terça-feira, 20 de outubro de 2009

A NOSSA CONFISSÃO DE FÉ


IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL.
ESTUDOS NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER.
CAPÍTULO 21 – DO CULTO E DO DIA DO SENHOR.
Prof. João Ricardo Ferreira de França.

Seção 6: "Agora, sob o evangelho, nem a oração, nem qualquer outra parte do culto religioso se restringe ou se faz mais aceitável a um certo lugar em que se ofereça ou para o qual se dirija; mas Deus deve ser adorado em todo lugar em espírito e em verdade; tanto em família, diariamente e em secreto, estando cada um sozinho; como também mais solenemente, em assembleias públicas, que não devem ser descuidadas nem voluntariamente negligenciadas ou esquecidas, quando Deus, por meio de sua Palavra ou por sua providência proporcione ocasião.
Ensinos claros desta seção:
Não existe um local sacro para a adoração Pública:
A adoração a Deus envolve a vida.
O culto solene deve ser observado.
Exposição: A nossa aula de hoje visa esclarecer alguns pontos cruciais a respeito do culto cristão, muitos não se percebem a questão da temporalidade e localidade da adoração; o tempo do culto deve ser sempre levado em consideração, por hora não entraremos nesta questão, mas dedicaremos atenção ao segundo aspecto da localidade da adoração. Existe muita falta de compreensão sobre isso, alguns dizem que há um lugar específico – falando de espaço físico – dedicado à adoração; outros, advogam que se a nossa vida é uma adoração, então, devemos fazer tudo o que der na cabeça no culto. Outros, negligenciam o culto solene com a desculpa que podem adorar a Deus em qualquer lugar. Vejamos o que esta seção nos ensina:
I – NÃO EXISTE UM LOCAL SACRO PARA A DORAÇÃO PÚBLICA NA DISPENSAÇÃO DO EVANGELHO.
A CFW nos ensina claramente que na nova administração pactual – chamada de evangelho ou Novo Testamento – nenhuma parte do culto religioso ( os elementos do culto ) não estão limitados ao espaço geográfico. Isto é um contra ponto estabelecido pelos autores da CFW em ralação ao Antigo Testamento ( onde o culto estava restringido ao Templo) que estabelecida a verdadeira adoração no Templo de Jerusalém. Cristo quebra tal concepção quando ensina que adoração não está limitada (João 4.21-24). Três proposições são fundamentais neste texto:
O culto não se limita a espaço físico.
Os verdadeiros adoradores são aqueles que o Pai chama.( em qualquer lugar)
Que o verdadeiro culto transcende porque é espiritual e fundamentado na verdade
II - A ADORAÇÃO A DEUS ENVOLVE A VIDA.
Outro aspecto bastante claro nesta seção e bastante negligenciado em nossos dias é a questão de que o culto envolve a vida; os que são contrários ao "principio regulador do culto" ( que ensina que o que deve ser realizado no culto deve ser ordenado pela palavra [confira o cap. 1 da CFW seção 6,8]. Dizem que tudo na vida é culto (o que nós não negamos) e assim, decidem trazer para o culto solene – a asssembleia pública – aquilo que não é ordenado pela Palavra (corais, coreografia, danças, palmas), isto porque em suas casas eles dançam, batem palmas em suas devocionais religiosas. E se posso adorar a Deus em qualquer lugar, dizem os que são contrários ao principio regulador, não há necessidade de ir ao culto solene!
Alguns aspectos precisam ser esclarecidos aqui. A CFW reconhece que a vida é para a glorificação a Deus, este principio já fora estabelecido na primeira pergunta do Catecismo Maior de Westminster – Qual o fim supremo e principal do homem? Glorificar a Deus e goza-lo plena e eternamente. – então, o ensino aqui deve ser avaliado à luz daquela pergunta. Assim podemos esboçar adequadamente esta questão:
2.1- Deus deve ser adorado em todo lugar: Este é o principio geral que governa as nossas vidas, este deve ser o alvo (propósito) de todo homem conforme aprendemos em Malaquias 1.11 e 1 Timóteo. 2.8 algumas verdades são aprendidas destes dois textos:
A soberania de Deus requer que ele seja objeto de adoração:
E que não importa o lugar onde o homem esteja ele deverá invocar a Deus por meio da oração.
2.2 – Deus deve ser adorado espiritualmente e segundo a sua palavra: Este é o segundo ensino que podemos observa, esta adoração da vida deve também ser espiritual conforme já vimos acima; é um erro pensar que a adoração é mais espiritual quando se está limitado a um local especifico para aquela finalidade, a adoração não está limitada a quatro paredes. Então onde e quando devemos adorar? Esta seção nos diz:
a) em família: O culto familiar tem sido negligenciado em nossos dias, e por isso, temos uma igreja fraca, capenga, se solidez na Palavra – nossos filhos são abandonados espiritualmente falando; nós não nos importamos com a alma deles, então, deixamos que a convivência na Igreja se encarregue de fazer o que é de nossa responsabilidade, o culto familiar consta:
1º de Ensino da Palavra aos nossos filhos – Dt.6.6-7 – note que não se limita ao ensino verbal, mas também ao ensino prático: "andando, na hora de dormir, nas praças"
2º de oração em favor dos filhos – Jó 1.5 – note que o papel do pai é deveras importante na educação do filho – "santificava-os" observe o que Paulo diz em 1 Coríntios 7.14 "os filhos são santos" ou "santificados na representatividade pactual dos pais", por isso, devemos reservar este precioso tempo em família. O casal deve orar juntos em família conforme temos e 1 Ped.3.7
b) diariamente: Todos os dias deve ser visto como um dia de culto a Deus – viver para a sua glória (Mt.6.11- a devoção diária em solicitar o sustento para as nossas vidas é um culto diário a Deus).
c) em secreto: A confissão reconhecer o culto secreto ou adoração particular sozinha. Este aspecto é demonstrado no ensino de Cristo em Mt.6.6; isto não é porque o diabo vai saber ou outra coisa, segundo o contexto da passagem é para que não haja vanglória; um culto deve produzir em nós humildade
III - O CULTO SOLENE DEVE SER OBSERVADO.
A CFW reconhece que a convocação solene deve ser observada. Ele chama-se solene porque nele encontra-se todos os elementos do culto – leitura da Palavra, pregação, oração, salmos de louvor a Deus, sacramentos, e ofertório. Este culto solene não pode ser negligenciado ou voluntariamente esquecido. Por quê?
1. O culto solene envolve uma relação pactual: Este é um ensino claro das Escrituras e o selo pactual do culto é o shabbath – dia do Senhor – o descanso onde o povo da aliança ser reuni diante de Deus (Is.56.6,7)
2. A Negligência ao culto solene revela rebeldia: O ensino claro da Bíblia diz que devemos estar sempre no congregando; isto faz bem à nossa alma e a nossa fé (Hb.10.25).